Casamento Oriental.
Ele se inscreveu na Agência Par e queira conhecer uma mulher para casamento, que fosse de origem Nissei, Sansei, ou Yonsei, a característica principal seria que ela falasse a língua japonesa. Apresentamos para ele uma japonesa muito bacana que falava fluentemente. Namoraram pouco tempo e resolveram se casar às 10 horas da manhã de um sábado em uma cidade a sete horas de distância da gente. Era final de verão e escolhi um vestido que me encantou, verde claro de renda para usar na cerimônia, tinha ficado um pouco largo e levei para ajustar. A costureira me falou que conseguiria entregar ajustado na sexta feira até o horário do almoço. Eu sabia que seria um corre corre para sairmos em viagem, chegar a uma cidade cerca de 500 km para a honra em sermos padrinhos do casamento.
No dia anterior às 11 horas da manhã fui buscar o meu vestido, ansiosa, peguei na costureira e na pressa nem experimentei, mas ao colocá-lo na mala, fiquei na duvida se tinha ficado como eu imaginara resolvi provar, noooooosssaaaa quase fervi, não fechava, faltava uns dois centímetros para eu conseguir respirar, mover os braços então, nem pensar, que desespero!!
O plano de viagem: sairíamos por volta de meio dia, chegaríamos por volta das 19 horas, iríamos em um restaurante bem charmoso na cidade, depois voltaríamos para o hotel para descansar e acordar cedinho, bem cedinho mesmo pra nos arrumarmos para o casamento.
Só que não...
O vestido não serviu... você já imaginou uma situação destas? Pois é comigo aconteceu, o jeito foi sair em busca de outro e lógico que não foi fácil, batendo pernas até às 5 da tarde para definir, encontrei um de bom corte, acinturado, em seda, bem bonito, estilo diferente do anterior, o que me deixou um pouco insegura, mas já não havia mais tempo, tinha que ser aquele mesmo, conclusão: Chegamos de madrugada.
Na manhã seguinte com poucas horas de descanso, o celular despertou, parecia que tinha areia nos olhos, cinco minutos em baixo do chuveiro foi um remédio para acordar. Lá fomos nós prontos para a Confraternização, um casamento japonês com rituais tradicionais e formalidades que retrataram as características de seu povo.
Nossa, quanta emoção! Ao olhar em volta percebi que não haviam brasileiros, todos os convidados eram descendentes de orientais, alguns haviam vindo do Japão para a cerimônia, na festa confirmamos que éramos mesmo os únicos brasileiros. Os diálogos existentes eram ditos em japonês, não entendíamos nada do que estavam falando, mas nos sentíamos muito bem mesmo assim. Muitas pessoas falavam o português, mas na hora das homenagens aos noivos, das canções, nas mensagens, tudo na língua japonesa parecia uma cena surreal, algumas mulheres vestidas de Yukata (Kimono de verão), as mesas com comidas típicas, Yakisoba, Tempura, Uramaki recheado com manga, pasta de Wasabi, tudo delicioso. Sentamos ao lado esquerdo da noiva e o outro casal de padrinhos a direita do noivo. Tudo era diferente, a decoração com muita beleza muitos tsurus de papel (a ave sagrada símbolo de sorte, paz e felicidade que diz a lenda que vivem por 1000 anos) coloria a delicadeza, a noiva e sua família costumam dobrar 1.001 origamis antes do dia do seu casamento que é um símbolo de prosperidade, fidelidade e longevidade. Dizem também que os desejos serão atendidos após dobrar mais de 1000 Tsurus. As músicas ongaku, alguns iam cantar o karaokê, entremeado de pessoas que iam até o microfone falar uma mensagem para os noivos. Após a cerimônia de casamento os noivos expressaram gratidão aos convidados e receberam deles (Hikidemono) ou envelopes com dinheiro (Shuugi Bukuro). Você sabia que artigos cortantes tais como faca e tesoura, que não são bem vindos, quer dizer dar um faqueiro nem pensar. Para os japoneses, esses objetos significam “corte” e podem “separar” o casal, também não se deve dar presentes que tenham quatro ou nove itens, pois esses números são considerados de azar e nem presentes que podem ser separados em partes iguais.
Tivemos o privilégio de participar deste casamento oriental e ficamos admirados, foi diferente de todos o casamentos que já havíamos participado, ficamos até o final da festa e aprendemos algumas palavras: Omedeto goaimasu significa parabéns, Itte irashai vá com Deus e Okaeril bem vindo.
Nos divertimos muito... Foi tudo de bom!!!Pensando bem foi melhor que não deu certo o vestido verde de renda, não teria combinado com o ambiente, o que escolhi as pressas foi perfeito para a ocasião, era bem confortável coincidentemente combinando com o todo.
Arigato gozaimasu. .