O vestido do casamento.
Ele procurou por agência de casamento e agência de namoro e se inscreveu na Agência Par porque queria conhecer uma mulher descendente de oriental, essa era a característica principal. Apresentamos para ele uma moça simpática e claro, descente. Namoraram, se conheceram bem, perceberam que os casamenteiros acertaram em cheio. Então resolveram se casar.
Fomos convidados para padrinhos da noiva e a cerimônia seria às dez horas da manhã de um sábado numa cidade distante da gente.
Era verão e depois de procurar uma roupa bem bonita, escolhi um vestido verde para usar na cerimônia, mas ficou um pouco largo, mesmo assim comprei e levei para ajustar. A costureira disse que entregaria o vestido ajustado na sexta feira ( dia da viagem) por volta de meio dia. Na sexta feira fui buscar confiante como eu tinha imaginado, coloquei na sacola e saí com pressa sem provar novamente, acreditando que estava tudo certinho. Ao chegar em casa, antes de colocá-lo na mala, o sexto sentido me dizia: - Experimenta! Como o melhor espelho sempre é o nosso resolvi ver como tinha ficado o ajuste. Quase fervi neste momento, o vestido não fechava, a costureira apertou "muiiiito", faltavam uns três centímetros, definitivamente não cabia, nem se ficasse totalmente sem ar, mover os braços então nem pensar. O desespero bateu em cheio, não dava para soltar, pois ela já tinha cortado o “excesso de pano para dar acabamento”. Você já se imaginou uma situação destas?
Eu sabia que seria um corre corre para sairmos de viagem. O plano A era assim: Sairíamos após o almoço e chegaríamos por volta de oito horas da noite, onde no dia seguinte, seria celebrado o casamento, escolheríamos um restaurante bem acolhedor, naquela cidadezinha romântica, depois voltaríamos ao hotel para descansar e acordar cedo, bem cedinho mesmo, pra ficarmos prontos e levar a noiva para a igreja.
Pois é o jeito foi mudar para o plano B e sair em busca de outro vestido, claro que não foi nada fácil, eu precisava encontrar um vestido que caísse perfeitamente na altura e na largura não havia tempo para ajuste. Procurei de loja em loja, essa saga foi até o fim da tarde, até que achei um que ficou ótimo para a ocasião, bem elegante e feminino. Depois do drama do vestido pegamos a estrada. Um por de sol magnífico nos acompanhou por quilômetros. Depois veio a lua. Chegamos ao destino mais de duas horas da manhã.
Ao acordar, parecia que os olhos estavam cheios de areia, pelo pouco tempo de sono.
Buscamos a noiva, feliz e maravilhosa em seu vestido "off white" de seda, salpicado com pérolas.
No altar da igreja percebi que não havia outros brasileiros todos os convidados eram japoneses, alguns chegaram poucos dias antes dias do Japão especialmente para a cerimônia que onde o idioma utilizado foi o japonês, em respeito aos mais idosos, a comida típica deliciosa, algumas mulheres vestidas de quimono, o ambiente decorado e colorido. Sentamos ao lado esquerdo da noiva e o outro casal de padrinhos a direita do noivo. Achamos tudo com uma rara beleza, a delicadeza das flores, as músicas, o karaokê, cada pessoa ia até o microfone para cantar ou homenagear os noivos com uma mensagem, sempre na língua japonesa e com muita alegria. Nada entendíamos, mas estava tudo bem mesmo assim. Algumas pessoas falavam português, somente quando conversavam conosco. Conhecemos algumas pessoas que se tornaram nossos amigos... Saímos da festa com outro por de sol na paisagem, memória de um dia incrível, misturado com a lembrança da felicidade no olhar do noivo e da noiva, apaixonados... Pensar que fomos nós quem os apresentou... Até esqueci o drama do vestido e curti o momento como casamenteiros realizados.