A separação de um casal trás muita dor e sofrimento, alguns dizem: “é uma das piores dores”. Então surge à frente uma porta desconhecida, com uma situação nova e inesperada, o caminho do sonho é destruído, ligações com alguém que você amou e apostou um tempo de sua vida se rompem e a mente fica repleta de perguntas, o coração lotado de dor.
Este processo e as delongas enchem com rancor e amargura, diminui o entusiasmo e auto-estima, o peso todo fica nas costas e o medo faz com que a mente acredite equivocadamente que nunca mais poderá voltar a amar alguém.Como disse Maria Helena Matarrazzo:“Cada mágoa é uma ferida emocional que quando é arranhada, infecciona. Essa infecção envenena a mente, daí a energia emocional serve para alimentar este ciclo infinito de raiva, ou seja atravessamos os dias e as noites querendo marcar pontos, vingar-nos, movidos por um tipo de sentimento que arde intensamente, ou queima em combustão lenta, nós acertamos alguns golpes e provocamos outros, atacando tanto aqueles que nos machucaram quanto qualquer pessoa que por acaso estiver sob a nossa mira, com isso fica difícil melhorar a nossa vida”.
Não adianta querer vinganças, querer dar lições ou provocações, pois usará sua energia emocional em algo que só trará mais frustrações e desgastes. Ou até mesmo querer se afundar em algum vício ou fanatismos. Trazer as mágoas e carregá-las a tira colo vai repelir a todos, porque é imprescindível estar bem consigo mesmo para reencontrar o amor.
O processo de recuperação passa exatamente por essa dor, mas após essa cura o coração estará mais forte e pronto para um novo começo, aprendendo com os erros e acertos para prosseguir e criar uma vida nova e melhor.
Apesar de ser um momento doloroso a hora é de reflexão e reavaliações, após curar seu coração você agradecerá, pois até um divórcio traumático pode abrir as portas para você experimentar uma vida amorosa rica e saudável. Quanto mais experientes ficamos mais exigentes também, a tendência é de errarmos menos. Sem perdermos de vista que “o amor foi feito para seres imperfeitos”. E o desafio é gostar dessa pessoa com suas imperfeições e não procurar alguém “sem defeitos”, porque assim só existe no cinema...
A maneira de ser e agir do homem e da mulher são completamente diferentes, como afirma o terapeuta John Gray. “Quando se vêem solteiros novamente, homens e mulheres enfrentam desafios diferentes. Da mesma forma que pensamos, sentimos e nos comunicamos de modos diferentes, também temos reações diferentes diante de uma perda amorosa. Durante uma crise do coração as reações instintivas e automáticas de uma mulher não são as mesmas de um homem. Seus problemas são diferentes e seus erros também”. Da mesma forma que a adaptação à nova vida e as carências serão resolvidas de maneira diferentes. Antes da cura os homens tendem a arrumar logo um relacionamento, mas não querem um envolvimento emocional mais profundo. Enquanto que a mulher tende a se fechar e não se envolver para se preservar de outra ferida, ela não consegue confiar de novo.
Como uma ferida que cicatriza com o tempo e logo esquecemos dela, devemos encarar igualmente o processo da nova vida, vamos sentir dor, vamos sofrer, vamos nos curar e vamos esquecer.
O nosso coração se fortalece no processo de recuperação.
Para se recuperar é necessário persistência e altruísmo, perdoar a si e ao próximo, pois quando perdoamos ganhamos a liberdade de ter a alma leve e solta. Busque conselhos de pessoas que gostem de você, procure um profissional ou um grupo de ajuda. “O importante é pergurtar: Quem sou eu além dessa minha parte que foi danificada? O que posso fazer agora? Só pensar “não sei”, “não consigo”, não leva a lugar algum”.
O luto do amor é importante, se dar um tempo para se envolver intimamente, tanto para o homem quanto para a mulher. Primeiro consertarmos, um osso para depois corrermos novamente, isso é fácil de perceber em uma perna, mas a ferida emocional pode nos levar a achar que outra pessoa imediatamente vai substituir o vazio, mas não vai. Vai aumentar a angústia e a cicatrização não acontece nunca, aí termina com um já arruma outro, vai se condenar a uma alma penada, sempre sofrendo, porque a gente recebe o que transmitimos, se você estiver na fossa emitindo mágoas e histórias tristes, é isso que vai receber de volta.
É preciso estar bem, sorrindo e consciente que você encontrará alguém que o fará mais feliz, primeiro recupere-se e depois solte as amarras e ame.
André Carvalho e Roseli Sanches Carvalho.